COZINHAR F*DER MATAR | Uma loucura disfuncional (Crítica) - 44ª Mostra SP
Tão conflituoso quanto você esperaria que fosse um filme com o título Cozinhar F*der Matar (Cook F ** k Kill), o terceiro filme da diretora tcheca Mira Fornay é uma dramédia (drama e comédia) extremamente absurda e que busca cavar o núcleo podre da domesticidade contemporânea do Leste Europeu. Várias cenas bizarras e misturadas com explosões violentas repentinas são exibidas de forma alternadamente chocante, o que inicialmente intriga mas com a duração do longa acaba sendo um pouco exaustivo.
Aparentemente criado por um mundo paralelo e imaginário onde o público pode ver através de conexões inconscientes, em vez da lógica das normas sociais, o longa mostra a história fragmentada de Jaroslav (interpretado por um Jaroslav Plesl em uma atuação perfeitamente frenética, ele é um dos principais atores de cinema da República Tcheca), um marido atormentado que só quer ver seus filhos que estão sendo escondidos na casa de sua avó pela esposa que o odeia.
Ela o deixará entrar se ele conseguir que sua mãe lhe dê seu apartamento. Mas ela só desistirá do apartamento se seu pai distante cozinhar para todos e assim a película fica de forma doida em um vai e vem e desses acontecimentos citados e com cada nova pessoa sendo introduzida para enviar Jaroslav em um objetivo que parece meio impossível.
Com sérios problemas de ritmo, a narrativa é reiniciada várias vezes, esses personagens secundários introduzidos são ainda mais estranhos para o contexto confuso no qual Fornay quer expressar. Você pode não entender totalmente o que está acontecendo na metade do tempo. Mas Cozinhar F*der Matar (Cook F ** k Kill) tem coisas que podemos tirar proveito e aqui o longa nos dá um desafio mental, enquanto coloca em primeiro plano as horríveis realidades da violência doméstica cotidiana, a produção explora com cautela o machismo estrutural, o que aparenta ser um resultado cultural e inerente da violência imposta na sociedade demonstrada do filme.
No geral, eu achei o longa um tanto desafiador de assistir. Não porque fosse explicitamente violento, embora o longa mostre cenas bem banais, mas por causa da estrutura usada para ilustrar a violência doméstica e o comportamento agressivo em um ciclo do qual é muito difícil de escapar.
Eu entendi a mensagem nesse sentido, mas tudo é passado de forma um pouco confusa e não linear e para receber o impacto do tema, eu acredito que o longa poderia ter seguido uma linha que contribuísse para uma experiência que não se preocupasse em tentar só chocar com algumas cenas que ficaram forçadas e deixou o produto final em boa parte caricato.
*Filme assistido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, para mais detalhes, acesse: https://44.mostra.org/
Trailer:
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