O ÚLTIMO JOGO | A tragicomédia de uma rivalidade histórica! (Crítica)
Grandes rivalidades sempre se tornam um bom pano de fundo para que elas sejam contadas em uma produção cinematográfica, pois a ideia em si é brilhante e se envolver dois povos que acabam tendo um gosto em comum, o futebol.
Usando o futebol e a rivalidade histórica entre Brasil e Argentina, o novo longa brasileiro chamado “O Último Jogo”, ganha vida ao contar em seu enredo com dois vilarejos que separados por nove quilômetros. Do lado brasileiro, os habitantes de Belezura, uma pequena cidade que vive de empregos na indústria moveleira, está prestes a encarar dois eventos que mudarão suas vidas: o fechamento da fábrica e a última partida de futebol contra os arquirrivais argentinos do povoado vizinho, o que para todos eles torna-se a última partida de futebol antes do fim do mundo. E em um ponto todos concordam: é preciso vencer.
A obra traz alguns elementos de realismo fantástico, um gênero típico da América Latina, fazendo parecer que os personagens vivem num universo paralelo ou até que fantasista, por exemplo, tenha vindo de outro mundo com uma espécie de superpoderes para dominar a bola. A experiência de Roberto Studart como documentarista também contribui para as cenas bem elaboras.
Fazendo sua estreia em longas ficcionais, Studart movimenta sua câmera com maestria, entretanto, a tragicomédia envolvendo os fatos apresentados e o enredo cadenciado fazem com que “O Último Jogo” tenha prestígio somente em suas frenéticas cenas do aguardado jogo entre brasileiros e argentinos. Aliás temos um aperitivo da rivalidade no inicio do filme, mas o tão esperado embate acaba sendo atrapalhado por uma história que antecede em uma semana o jogo, mas que acaba durando ao espectadores meses.
Sei que pode ser exagero, mas o ritmo lento e alguns personagens desinteressantes fazem com que o filme seja um sanduiche com recheio amargo. Pois o que mais interessa do longa é o jogo e temos pouco dele, o que acaba gerando em momentos frustrantes e tentativas de querer tentar tirar alguns risos do espectador sem sucesso. O final tragicômico e até apoteótico encarna bem como os dois lados enxergam como vida e morte a histórica rivalidade entre Brasil e Argentina.
Na verdade, se fosse retratada a rivalidade entre outros povos, o longa também ganharia o charme de mostrar um tema que ambos amam e expandir como algo extremamente importante. De forma bastante clara, essa ideia acaba sendo bem representada e torna um ponto positivo no roteiro de Studart, que podia ser bem mais elaborado nos primeiros atos.
No geral, “O Último Jogo” tem belas cenas de um jogo de futebol e surpreende por ser um filme brasileiro que consegue mostra com primor algo que a gente tem o costume de ver só em filmes estrangeiros, mas acaba pecando em uma história desinteressante e apela para um final tragicômico e com ares apoteóticos, mesmo que toda sua construção seja bem desajustada. Como filme que marca a estreia em longas ficcionais de Roberto Studart, podemos dizer que é um primeiro passo razoável. Mas se nos seus próximos projetos o diretor e roteirista estiver cercado de pessoas mais experientes, acredito que ele possa ser uma nova joia do cinema nacional, pois que faz alguns anos em que não é lançado um cineasta promissor.
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